O Porto de Abril
O Porto não é um lugar — é uma emoção colectiva
Feito da corrente do Douro, do nevoeiro que pousa sobre as suas pontes, da firmeza de quem resiste ao tempo e da voz livre das ruas onde cada pedra tem memória.
É a cidade de Sophia, de Garrett, de Agustina, de Rui Veloso — mas, sobretudo, é a cidade de um povo que aprendeu a resistir sem nunca perder a alma do que é “fazer das tripas coração”.
É também a cidade onde nasceu uma das mais belas histórias de afecto entre um rei e o seu povo, quando D. Pedro IV, em gesto eterno de gratidão, legou o seu coração à “Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto”.
É o Porto da sua gente — dos que aqui nasceram, dos que por cá passaram, e dos que, de coração cheio, escolheram ficar.
Porque uma cidade não se ergue apenas com pedra, mas com a alma livre dos que nela habitam, sonham, lutam e constroem cidade.
Ainda hoje, as ruas do Porto guardam vestígios dessa familiaridade. Nas casas estreitas que se encostam como se se abraçassem, nos azulejos que falam em silêncio, nas escadas íngremes onde os passos se cruzam com a intimidade de quem se reconhece.
Tudo parece ter sido feito para acolher, como se a entreajuda estivesse bordada na própria malha da cidade e no coração de quem a habita.
Nesse Porto de outros tempos — mas........
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