A AI ainda não apanha azeitona |
Terminada a minha apanha da azeitona, decidi visitar todos os lagares de azeite do concelho de Santarém. Restam nove. Apenas nove. Cinco anos atrás eram quase o dobro. Os tempos mudam depressa e a AI (inteligência artificial) ainda não apanha azeitona.
Esta visita estava prometida há muito: queria fotografar o que sobrevive, os lugares e os gestos que caminham para a extinção. Mal eu sabia que essa extinção já vai avançada. Parti num dia que amanheceu chuvoso, pesado, mas que se abriu, ao fim da tarde, num sol de outono quente e inesperado, desses que parecem o último suspiro da estação.
O primeiro lagar surgiu no final de uma subida íngreme, depois de atravessar uma névoa branca e espessa, tão cinematográfica que parecia saída de um velho filme europeu. O local era um labirinto de edifícios industriais; nem antigos, nem modernos; apenas marcados pelo tempo, pela chuva, pela fadiga das décadas. Do planalto, revelava-se uma vista soberba sobre o vale, que só se deixou ver quando o sol rompeu a bruma e iluminou o cenário com uma luz........