Três acontecimentos, na última semana, agitaram as consciências dos cidadãos portuguesas.
Um, mundial, o do primeiro ano da invasão da Ucrânia pela Rússia, que levou ao seu repúdio na passada quinta-feira, 23 de Fevereiro, na Assembleia Geral da ONU: 141 a favor duma moção contra a agressão, 32 abstenções e 7 votos contra, incluindo, naturalmente, o agressor. As abstenções, a que estrategicamente se chama o Sul Global, onde se incluem o Brasil, a Índia, a China, a África do Sul, outros países da América do Sul, continente Africano, Médio Oriente, demonstram como a aliança EUA/União Europeia na NATO levanta reticências fora da Europa, nos países em que o conceito de democracia da civilização ocidental choca com a diferença de atenção em relação a outras situações e conflitos sangrentos. O colonialismo deixou memórias de exploração, traumáticas e inesquecíveis e a supremacia norte-americana do pós guerra no controlo do mundo deixou, em nome da democracia e da liberdade, um rasto de sangue e destruição, na defesa dos interesses das suas multinacionais. Os votos contra são de ditaduras dependentes da Rússia, como a Nicatágua, a Coreia do Norte ou a Eritreia.
Nada justifica a invasão e a consequente barbárie que a Rússia de Putin desencadeou sobre o povo ucraniano, que heroicamente resiste à megalomania psiquiátrica da reconstrução do império czarista. A acusação de que os EUA e a União Europeia pretendem destruir a Rússia assenta na visão deformada do ex-KGB duma realidade histórica: o comunismo soviético autodestruiu-se a si mesmo. Nem o direito desse país à independência e unidade territorial, como o seu desejo de adesão à União Europeia, podem ser postos em causa.
Os outros dois acontecimentos, nacionais, que preencheram o último fim de semana, colocam o governo socialista, já com resultados de declínio em várias sondagens, em posição cada vez mais precária: duas manifestações de rua, na cidade de Lisboa, a dos professores, levada a efeito pelo STOP; e a dum movimento popular urbano denominado VIDA JUSTA, dos bairros periféricos da capital, contra a inflacção, os baixos salários, o aumento dos preços das casas, a descriminação económica e social.
A rua começa de novo a ser o palco da contestação pública e coloca o sistema partidário português ante uma realidade cada vez mais insofismável: o seu total domínio do espaço político acabou.
Ante uma maior radicalização entre direita e esquerda, começam a ultrapassar a barragem do silêncio comprometido dos órgãos de informação nacionais os reais problemas das classes trabalhadoras, incluindo os da pequena e média burguesia, que, junto à inflacção dos preços, quer dos géneros alimentícios, quer dos energéticos, sofre a pressão duma política governamental de liberalização do arrendamento e/ou compra de casa, que os coloca, num curto prazo, na incapacidade de resposta do salário do agregado familiar.
As desigualdades económicas e sociais, da ditadura fascista, não foram resolvidas nestes quase 50 anos de democracia. As diferenças entre elites e restantes grupos sociais foram-se agravando, agora sob o proteccionismo duma burguesia liberal que assumiu as rédeas do poder, financeiro, administrativo, legislativo, governamental, económico, social, judicial, meios de informação, através do compadrio, do amiguismo, das relações familiares, da solidariedade partidária, da corrupção legalmente protegida .
A democracia social do programa do 25 de Abril virou liberalismo aplaudido. O país foi sendo vendido a retalho a interesses capitalistas e monopolistas nacionais e internacionais, num proteccionismo governamental que agrava as condições de vida do povo que tem de pagar para os sustentar.
Este é o nosso mundo actual. A democracia portuguesa não passa. Hoje, duma plutocracia, onde os ricos governam para seu usufruto, abrindo ou fechando a bolsa, consoante os protestos sociais. Ainda por cima, numa total ruptura entre litoral e interior: Lisboa, Porto, Algarve; e o resto.
Por sua vez, o mundo partidário sofre o desencanto da sua incapacidade,com o afastamento de novas gerações, mais habilitadas, mas sem perspectivas de estabilidade social no horizonte, sob a ameaça da inteligência artificial e a manutenção de regras de alienação psicológica numa sociedade compulsivamente consumista. A esquerda, principalmente, deve repensar-se, neste mundo que coloca novos problemas e urge novas soluções.
Tudo o que dura demais, sem resultados, cansa. Tudo o que assenta na exploração e no sofrimento alheios, cria anti-corpos, raivas e revoltas. E, quando a corda é esticada até ao limite da sua resistência, estilhaça-se. O desencanto, a resignação transformam-se em protesto, tanto mais radical, quanto menos for escutado.
A rua está a transformar-se no local cívico da mudança. Esta começa a ser inevitável. Prenuncia-se uma nova época. A liberdade e a democracia deveriam ser os seus elementos fundacionais. Mas as autocracias e as ditaduras, em nome dos velhos monstros da desigualdade, ameaçam regressar.
Três acontecimentos, na última semana, agitaram as consciências dos cidadãos portuguesas.
Um, mundial, o do primeiro ano da invasão da Ucrânia pela Rússia, que levou ao seu repúdio na passada quinta-feira, 23 de Fevereiro, na Assembleia Geral da ONU: 141 a favor duma moção contra a agressão, 32 abstenções e 7 votos contra, incluindo, naturalmente, o agressor. As abstenções, a que estrategicamente se chama o Sul Global, onde se incluem o Brasil, a Índia, a China, a África do Sul, outros países da América do Sul, continente Africano, Médio Oriente, demonstram como a aliança EUA/União Europeia na NATO levanta reticências fora da Europa, nos países em que o conceito de democracia da civilização ocidental choca com a diferença de atenção em relação a outras situações e conflitos sangrentos. O colonialismo deixou memórias de exploração, traumáticas e inesquecíveis e a supremacia norte-americana do pós guerra no controlo do mundo deixou, em nome da democracia e da liberdade, um rasto de sangue e destruição, na defesa dos interesses das suas multinacionais. Os votos contra são de ditaduras dependentes da Rússia, como a Nicatágua, a Coreia do Norte ou a Eritreia.
Nada justifica a invasão e a consequente barbárie que a Rússia de Putin desencadeou sobre o povo ucraniano, que heroicamente resiste à megalomania psiquiátrica da reconstrução do império czarista. A acusação de que os EUA e a União Europeia pretendem destruir a Rússia assenta na visão deformada do ex-KGB duma realidade histórica: o comunismo soviético autodestruiu-se a si mesmo. Nem o direito desse país à independência e unidade territorial, como o seu desejo de adesão à União Europeia, podem ser postos em causa.
Os outros dois acontecimentos, nacionais, que preencheram o último fim de semana, colocam o governo socialista, já com resultados de declínio em várias sondagens, em posição cada vez mais precária: duas manifestações de rua, na cidade de Lisboa, a dos professores, levada a efeito pelo STOP; e a dum movimento popular urbano denominado VIDA JUSTA, dos bairros periféricos da capital, contra a inflacção, os baixos salários, o aumento dos preços das casas, a descriminação económica e social.
A rua começa de novo a ser o palco da contestação pública e coloca o sistema partidário português ante uma realidade cada vez mais insofismável: o seu total domínio do espaço político acabou.
Ante uma maior radicalização entre direita e esquerda, começam a ultrapassar a barragem do silêncio comprometido dos órgãos de informação nacionais os reais problemas das classes trabalhadoras, incluindo os da pequena e média burguesia, que, junto à inflacção dos preços, quer dos géneros alimentícios, quer dos energéticos, sofre a pressão duma política governamental de liberalização do arrendamento e/ou compra de casa, que os coloca, num curto prazo, na incapacidade de resposta do salário do agregado familiar.
As desigualdades económicas e sociais, da ditadura fascista, não foram resolvidas nestes quase 50 anos de democracia. As diferenças entre elites e restantes grupos sociais foram-se agravando, agora sob o proteccionismo duma burguesia liberal que assumiu as rédeas do poder, financeiro, administrativo, legislativo, governamental, económico, social, judicial, meios de informação, através do compadrio, do amiguismo, das relações familiares, da solidariedade partidária, da corrupção legalmente protegida .
A democracia social do programa do 25 de Abril virou liberalismo aplaudido. O país foi sendo vendido a retalho a interesses capitalistas e monopolistas nacionais e internacionais, num proteccionismo governamental que agrava as condições de vida do povo que tem de pagar para os sustentar.
Este é o nosso mundo actual. A democracia portuguesa não passa. Hoje, duma plutocracia, onde os ricos governam para seu usufruto, abrindo ou fechando a bolsa, consoante os protestos sociais. Ainda por cima, numa total ruptura entre litoral e interior: Lisboa, Porto, Algarve; e o resto.
Por sua vez, o mundo partidário sofre o desencanto da sua incapacidade,com o afastamento de novas gerações, mais habilitadas, mas sem perspectivas de estabilidade social no horizonte, sob a ameaça da inteligência artificial e a manutenção de regras de alienação psicológica numa sociedade compulsivamente consumista. A esquerda, principalmente, deve repensar-se, neste mundo que coloca novos problemas e urge novas soluções.
Tudo o que dura demais, sem resultados, cansa. Tudo o que assenta na exploração e no sofrimento alheios, cria anti-corpos, raivas e revoltas. E, quando a corda é esticada até ao limite da sua resistência, estilhaça-se. O desencanto, a resignação transformam-se em protesto, tanto mais radical, quanto menos for escutado.
A rua está a transformar-se no local cívico da mudança. Esta começa a ser inevitável. Prenuncia-se uma nova época. A liberdade e a democracia deveriam ser os seus elementos fundacionais. Mas as autocracias e as ditaduras, em nome dos velhos monstros da desigualdade, ameaçam regressar.
“Todas as verdades são fáceis de perceber depois de terem sido descobertas; o problema é descobri-las” - Galileu Galilei
À porta da Escola Manuel de Figueiredo existe uma placa destinada a satisfazer a curiosidade do cidadão que deseje conhecer alguns dados biográficos sobre este ilustre antepassado torrejano.
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Finalmente aconteceu alguma coisa. Um episódio novo no caso Fabrióleo. Afinal a sinusite não desculpa tudo e o cheiro nauseabundo faz-se sentir inequivocamente. A ponto de aparecer a polícia, alheia como é hábito, a perguntar aos transeuntes e mirones curiosos: “O que é que se passa? Mas o que é que se passa? Hum?” Numa espécie de remake da adaptação teatral de Dinis Machado, “O que diz Molero”.
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Descobre-se, ao olhar a comunicação social, que o país é composto praticamente por proprietários de casas devolutas e por donos de casas utilizadas para alojamento local. O alarido perante a iniciativa governamental relativa à habitação diz muito da comunicação social, mas muito pouco sobre o país.
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Uma centena de metros depois de sair de casa para apanhar o Expresso das 6.30 para Lisboa, noite cerrada, passo por um homem que anda a passear o cão quando o resto da cidade ainda dorme. Conheço-o de vista, passo muitas vezes por ele, mas desta vez cumprimentamo-nos com um “Bom dia”.
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Têm-se sucedido, sem parança, escritos aqui e ali, agora repisados pelas chamadas redes sociais, onde se repetem intrujices sobre a história de Torres Novas que exercem o efeito nefasto de enganar os incautos e de deformar as cabecinhas, principalmente da gente mais nova, doutrinada com uma série patetices que alguns pensam tratar-se de História.
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A requalificação do Jardim da Praça do Império, de Lisboa, e, especificamente, os brasões das províncias ultramarinas em pedra abrem nova frente de conflito entre direita e esquerda. Não é indiferente dizer província ultramarina ou colónia.
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A mãe entra na cozinha e nota imediatamente o assalto perpetrado ao bolo de chocolate saído do forno uns minutos antes, do qual resta apenas metade. Procura a única outra pessoa presente em casa nessa altura, o filhote de 5 anos, encontra-o no seu quarto a brincar e, com ar severo, pergunta-lhe quem comeu a metade que falta no bolo.
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A grande manifestação dos professores, em 11 de Fevereiro, na cidade de Lisboa, veio demonstrar que a degradação da sua situação profissional criou uma unidade de protesto com reinvindicações unânimes e a consciência da conquista da rua como o local que fustiga com virulência a surdez autista da governança.
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