As Armas e os Barões

Queridas filhas,

Assim começa o poema épico mais importante da literatura portuguesa. A mensagem é clara: a conceção e lançamento de um dos maiores projetos de exploração da história da humanidade partiu das elites portuguesas do século XV. E o povo corajoso, nelas confiou e construiu o período mais glorioso da nossa história. Onde estão essas elites hoje? Onde estiveram nas últimas décadas? Nos últimos séculos?

Há duas particularidades da sociedade portuguesa que me intrigam e que não encontrei nas restantes sociedades em que vivi. Primeiro a abundância de talentos individuais contrasta com o deserto de organizações portuguesas de excelência internacional. Temos Ronaldo, Horta-Osório, Francisco Veloso, António Simões… Mas onde estão as mega-empresas portuguesas? A queda da Farfetch foi o último exemplo disto. Segundo, em Portugal, por mais décadas que passem, os nomes das elites são basicamente os mesmos. Mesmo as pessoas que caem em condições........

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