Perplexidades de Portugal
Durante muitos anos acreditámos que em Portugal existia um conjunto de pessoas intocáveis. Aqueles que, pelos cargos que desempenhavam, estavam imunes à responsabilização. Nos últimos 15 anos, essa convicção esbateu-se, com a multiplicação de inquéritos-crime e detenções que passaram também a ter como alvo figuras poderosas. Muitos desses processos ainda não chegaram ao fim, é certo, prolongando-se para além do aceitável. Talvez por isso parece que entrámos numa nova fase: não há intocáveis, mas acabou a vergonha.
O caso mais flagrante é o de José Sócrates. Em 2014 o ex-primeiro-ministro foi preso por ser suspeito de receber milhões de euros em troca de favores vários no exercício de funções. Segundo o Ministério Público, Sócrates viveu anos muito acima das suas possibilidades, graças a entregas de dinheiro em envelopes e transferências de um amigo. Foi assim que pagou fatos caros, férias de luxo ou a estadia em Paris. Depois de detido, recusou sempre ter recebido dinheiro indevidamente – mas continuou a viver de uma forma inexplicável.
Nos quase 11 anos que dura a Operação Marquês, já apresentou mais de 100 recursos, reclamações e incidentes, segundo a contabilização recente do Observador. Só graças aos recursos recusados pelo Tribunal Constitucional teve de pagar........





















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