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Entre o défice e as pessoas: o que realmente conta no Orçamento do Estado

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22.11.2025

Todos os anos, o Orçamento do Estado regressa ao centro da política portuguesa como uma liturgia previsível – extensa, ruidosa e, paradoxalmente, pouco esclarecedora, uma espécie de ritual inevitável do outono político. O país assiste a semanas de debate intenso, mas raramente compreende o que está verdadeiramente em causa. Esta distância não resulta apenas de tecnicismos; resulta também de uma cultura política que transformou o Orçamento num exercício de poder e demonstração, mais do que num pacto coletivo sobre o futuro. Discutimos números com fervor técnico, mas evitamos sistematicamente o essencial: Portugal não está apenas a gerir contas – está a gerir um declínio silencioso.

A discussão orçamental tornou-se uma espécie de competição moral entre partidos: quem apresenta o défice mais atrativo, quem garante maior prudência, quem distribui mais compensações. Perdeu-se a noção de que o Orçamento deveria ser mais do que uma fotocópia anual do que o país consegue fazer – deveria ser uma afirmação clara do país que queremos ser. Em........

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