Adeus inocência |
O s olhos de um bebé de cinco meses são indecifráveis. Vemos neles o que queremos. Ou o que o nosso coração ambiciona que neles esteja.
A noite passada, observando a aprendizagem que Tereza vai adquirindo do Mundo à sua volta, na inocência que ainda lhe corre nas veias, fui-me questionando sobre que futuro a aguarda. Os pontos de interrogação foram-se avolumando, na ausência de respostas satisfatórias para as dúvidas que se amontoaram.
A realidade de hoje nada tem a ver com a que enquadrava a minha juventude e a dos meus amigos da escola. Apesar da nossa insularidade, acreditávamos nas oportunidades que invariavelmente nos surgiriam. As expectativas superavam os receios e o voluntarismo dava as mãos a alguma coragem, na crença de que, de uma maneira ou de outra, costuraríamos vidas não piores do que as dos nossos pais.
A questão hoje parece-me ser a mesma ou quase: será que uma criança ou um(a) jovem, actualmente, pode aspirar, com confiança, a uma vida melhor do que a dos seus progenitores?
O Mundo indiscutivelmente já não é o mesmo e não dá abertura a projecções românticas. As tecnologias desencadearam evoluções em catadupa, algumas........