O facto de ser arquiteto faz com que as obras públicas sempre me tenham atraído. Envolvi-me na polémica sobre o CCB, que apoiei desde o início, e defendi o elevador para o castelo de S. Jorge, proposto por João Soares. A minha tendência seria, pois, olhar com simpatia a construção do novo aeroporto de Lisboa, previsto para Alcochete.
Acontece que uma coisa é falar de um edifício ou de uma estrutura que podem marcar uma zona localizada de uma cidade, outra é falar de um novo aeroporto que condicionará de modo decisivo o futuro de um país. Neste caso, um cálculo mal feito, uma avaliação errada, podem ter um impacto tremendo para sempre.
Devo dizer que a argumentação expendida para defender Alcochete não me convenceu completamente.
Comecemos pela questão central.
Diz-se que Alcochete é uma ‘solução definitiva’, enquanto outras (como a ‘Portela 1’) seria um remendo, uma solução a prazo.
Pois é exatamente a palavra ‘definitiva’ que me assusta. Uma vez concretizada, não há remédio. Qualquer que seja a evolução dos tempos, a evolução do turismo, a evolução do próprio tráfego aéreo, aquele monstro ficará ali, inamovível.
Mas vamos ao concreto.
Alcochete........