Na madrugada de quarta-feira, quando me fui deitar, a vitória de Trump já se esboçava – embora os comentadores portugueses ainda não a admitissem. Na SIC Notícias, por exemplo, um jovem de nome Jonet dizia ser muito cedo para apontar tendências, e adiantava que daqui e dali vinham «sinais negativos», mas dacolá vinham «sinais positivos». Os ‘sinais negativos’ eram os resultados favoráveis a Trump, os ‘positivos’ eram os favoráveis a Kamala. Ora, como se pode acreditar na isenção de um comentador que se diz 100% favorável a um dos lados?
Mas não era o único.
Paulo Portas, que surgiu na política como um jovem abertamente à direita, falava dos riscos para a Ucrânia de uma vitória de Trump, dizendo que Putin se iria sentar em Kiev e a seguir ocuparia os Bálticos. Mas os Bálticos não pertencem à NATO?
Sérgio Sousa Pinto, que se sentava à sua frente, falava do «drama da América» que consiste em metade do país, os trumpistas, verem o adversário não como tal mas como um agente do mal, adotando um discurso de ódio. Mas os democratas também não diabolizaram Trump, chegando a dizer que ele traria o nazismo? O discurso de exclusão só existia de........