Ambicionando há muito ser presidente do Conselho Europeu, o então primeiro-ministro António Costa tinha uma complicadíssima bota para descalçar. Considerando que os socialistas haviam criticado duramente a ‘deserção’ de Durão Barroso para Bruxelas quando foi presidir à Comissão Europeia, abandonando a chefia do Executivo, como iria Costa explicar aos seus correligionários a mesma atitude? Não havia grande saída.
Foi por isso que, após a demissão de António Costa do Governo, um conhecido comentador político me disse em conversa privada: «Ele demitiu-se para se candidatar à presidência do Conselho Europeu. António Costa é muito apreciado na União Europeia, e parece talhado para aquele lugar. É um cargo que exige negociação, capacidade de gerar consensos, tudo o que ele sabe fazer bem».
Como sou pouco dado a teorias da conspiração, a ideia não me convenceu inteiramente.
Tudo poderia não passar de uma coincidência, como há muitas na política.
Agora, concluo que o meu amigo comentador estava cheio de razão.
Os factos encaixam como uma luva na sua tese.
Primeira questão: Como explicar a rápida demissão de António Costa logo que foi divulgado o comunicado da Procuradoria-Geral da República sobre o processo........