A doença do género
Há seis anos, uma pretensa comissão governativa de igualdade para qualquer coisa levantou-me um processo-crime por um artigo escrito neste jornal com o título E se um homem se sentir galinha? Estava-se num período em que se discutiam com muita intensidade as questões de ‘género’. Afirmava-se com calor que, se uma pessoa se sentisse numa pele com a qual não se identificava, devia mudar de pele – e essa mudança devia ser respeitada. Dito de outro modo, se um homem se sentisse mulher e uma mulher se sentisse homem deviam mudar de sexo, tinham todo o direito a ser tratados como tal e a exigir que o Estado lhes proporcionasse os meios para o fazerem. No limite, uma operação de mudança de sexo.
O processo-crime que me foi levantado deu um certo brado, sendo objeto de alguma atenção mediática. Recordo uma emissão do programa Governo Sombra dedicada ao assunto, na qual retive uma frase de João Miguel Tavares que era mais ou menos assim: «Eu até gosto das análises políticas do Saraiva, mas quando se mete a escrever sobre estes temas não percebe nada do assunto».
Em suma: eu vivia noutra época, desconhecia por completo as novas teorias sobre estas questões de ‘género’, e portanto o melhor era estar caladinho.
Qual era a tese que eu defendia? Que uma operação de mudança de sexo é um ato violentíssimo, terrivelmente intrusivo, que não........
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