O Matuto e o Jardim
O Matuto gosta do seu jardim. Aqui na ‘Casa das Pontes’ – moradia do Matuto e de sua gentil esposa, Dona Sirlei – o jardim é uma alegria viva. Pela manhã as maritacas voam gritando que nem umas estouvadas. Armam escândalo! Gritam enormidades! Batucam bisbilhotices! Na região das ‘Pontes’ há duas que parecem comadres a mexericar. O Matuto sabe de fonte segura que as maritacas são da família dos papagaios. Sendo uma ave inteligente, não pára de palrar, precisamente para chamar a atenção: vocalizando; cantarolando; trauteando. Mas bota vocais, cantarolas e trauteios nisso! É uma chinfrineira do caramba! Algazarra! Entretanto, começam as rolas a arrulhar – há uma chocando no topo duma palmeira no jardim das ‘Pontes’. (quando o Matuto passa perto, ela lança aquele olho, tipo: “chega-te para lá, senão levas uma bicada na corola”) Logo, logo, num frenesim danado, os pardais do telhado começam a trinar e está instalada a sinfonia matinal. As lagartixas assarapantadas ensaiam o seu corre-lá. Os beija-flor adejam frenéticos de flor em flor. As flores, agradecidas, abrem-se que nem deusas sedutoras. Para lá dos muros das........
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