Marcelo Rebelo de Sousa

Sempre considerei Marcelo Rebelo de Sousa impreparado para exercer o cargo de Presidente da República, não por falta de cultura política e literária, mas por fraqueza de caráter, aliada a uma preocupante ausência de projeto político. Durante a minha candidatura repeti isso em várias ocasiões, nomeadamente durante o debate a dois, em que recordei a leveza com que ele tratava o seu passado de ligação à ditadura, quer familiar quer político.

O seu jantar entrevista recente, tratado exaustivamente pelos meios de comunicação, revela isso mesmo, mas a um nível que se pensaria, apesar de tudo, improvável. Os comentários sobre a lentidão e a ruralidade atribuídas a dois primeiros-ministros, mostram a leveza com que o Presidente da República vê os assuntos do Estado, que ao longo dos anos tratou sem quaisquer ideias ou propostas concretas sobre a educação, a saúde, a economia, a indústria, a ferrovia, ou a justiça, onde sempre se ficou pelas grandes generalidades, deixando sem comentário útil que todas essas questões tivessem sido maltratadas por António Costa e pelo PS.

A forma como Marcelo Rebelo de Sousa tratou a sua própria família na entrevista referida, raiou os limites da irresponsabilidade pessoal, por tratar na praça pública o que deveria ser mantido ao nível das suas próprias responsabilidades pessoais e familiares. Acusar um filho por intervenções que ele não controlou, não lembraria ao diabo.

O tratamento dado às potenciais responsabilidades históricas de todo um povo, com a leveza e a ignorância demonstradas, revelou de uma forma inquestionável a sua já referida impreparação para as funções presidenciais. Pergunto-me, o que pode levar um Presidente da República, no contexto de uma entrevista de dimensão global, a assumir as possíveis responsabilidades dos portugueses, fora dos locais e do tempo próprios de um regime democrático, onde existem partidos políticos e Parlamento?

Apesar de todas as intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa no campo da política externa, considero que ele não tem sobre a geopolítica global uma visão suficientemente educada de todas suas dimensões – política, económica, militar e diplomática – o que provoca sucessivas intervenções públicas desajustadas no tempo e no modo e isso apesar de........

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