Mel e vinagre
A Europa tem um problema antigo de comunicação consigo própria. Passa semanas a discutir, a negociar, a tropeçar em vírgulas, a medir palavras, a calibrar riscos jurídicos e políticos e, quando finalmente decide, parece pedir desculpa por existir. É um vício recorrente: confundir democracia com lentidão, prudência com fraqueza, compromisso com falta de ambição. Mas, no último Conselho Europeu, a União fez algo que raramente lhe reconhecemos: decidiu. E, ao decidir, mostrou como é que 27 democracias conseguem agir num mundo que já não tem paciência para a democracia.
Convém começar por uma evidência que muitos preferem ignorar. Não se apanham moscas com vinagre. A política europeia não é a política americana, nem a política russa. Não existe um centro único de decisão, nem uma cadeia de comando onde a vontade do Presidente se transforma automaticamente em realidade administrativa. A União Europeia não é um Estado. É uma mesa. E à mesa sentam-se 27 países, cada uma com o seu parlamento, as suas pressões internas, a sua opinião pública, os seus tribunais, os seus interesses e as suas fragilidades. Exigir à Europa a velocidade de Washington ou a brutalidade de Moscovo é exigir-lhe que deixe de ser aquilo que a distingue.
É neste quadro que deve ser lido o acordo alcançado sobre o financiamento à Ucrânia. A União decidiu avançar com um empréstimo plurianual, garantido pelo Orçamento europeu, assegurando estabilidade financeira a Kiev para os próximos anos. O essencial não é apenas o montante. É o gesto político. Quando a alternativa era a paralisia, a Europa escolheu o compromisso funcional. Quando a tentação era proteger princípios absolutos, escolheu resultados concretos. E quando a pressão externa aumentou, com os Estados Unidos a reduzirem previsibilidade e a exigirem mais responsabilidade europeia, Bruxelas respondeu com aquilo que sabe fazer melhor: transformar conflito político em solução institucional.
O percurso até esta decisão explica bem a lógica europeia. O chamado plano B, a emissão de dívida conjunta, foi rejeitado quase de imediato pelos........





















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