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Verão interrompido

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23.08.2024

À época estival estava consagrado o momento de pausa. O estio servia para recuperar forças, avivar tradições e usufruir de momentos de socialização profunda. Também era o tempo das leituras, como se houvesse uma interrupção dos afazeres e preocupações habituais.

O usufruto, por parte de cada vez maiores camadas da população, do direito a férias, convidava a pausas, mesmo que vividas entre portas e nos arredores de casa. O mês de agosto representava, em países como Portugal, esse intervalo.

Até ao advento da conexão permanente, persistia o direito a desligar por algum tempo das funções profissionais e mesmo do mundo em redor. As férias sem televisão, sem telemóvel e, sobretudo, sem redes sociais davam direito ao descanso. Atualmente, o conceito de férias é de tempo fora do local de trabalho, mas dedicado a acompanhar o que se passa. Assim, a interrupção ao trabalho foi desaparecendo, bem como, o tempo para usufruto ou simples reflexão.

Entre Jogos Olímpicos, guerras, negociações diplomáticas e desfechos surpreendentes nas candidaturas a eleições, o mundo move-se e a nossa atenção também.

Interrompido o verão habitual, mas acreditando que continuamos a precisar de tempo para refletir, propus-me ler três livros. Três obras sobre tempos e realidades diversas, estimulando a capacidade de o leitor lidar com aquilo que se chama “alteridade”, ou seja, a compreensão do outro, nos seus tempo e espaço. Proponho esta viagem que, decerto, nos ajudará a compreender melhor estes tempos de desassossego.

Primeiro momento – a viagem no tempo

A celebração discreta dos 500 anos sobre o nascimento de Luís Vaz de Camões pode ter sido o mote do livro da autoria de Carlos Maria Bobone, intitulado “Camões, Vida e Obra”, editado pela D. Quixote. Não se trata de um livro evocativo, mas sim de uma obra que procura lançar alguma luz sobre a vida e obra do autor que acabou por consagrar a........

© Jornal Económico


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