O espaço mede-se pelo tempo

A frase é de Jorge Luís Borges, publicada recentemente no seu livro Sete Noites, editado pela Quetzal. O espaço e o tempo, apesar da possibilidade da sua medição física, constituem dos elementos psicológicos mais prementes e condicionantes do comportamento humano. Na cultura portuguesa, amiúde, se refere a saudade do tempo passado, mas também a saudade do espaço distantes, ou seja, a saudade tem que ver com o estado de alma e com a ausência de um tempo ou espaço de felicidade.

A contemporaneidade tem sido marcada pela voracidade do tempo e o encurtamento do espaço. A velocidade com que recebem notícias de geografias distantes está cunhada no conceito de aldeia global. Mas, em tempos de discursos a apelar para a desglobalização, qual o verdadeiro papel do tempo e do espaço nas nossas vidas quotidianas?

Como entram outras afinidades nos nossos jogos de empatia com outras geografias’ Vemos da mesma maneira todos os conflitos em curso? Consideramos o sofrimento humano universal? Inspiramo-nos no passado para interpretar o presente e compreender as possíveis variantes para o futuro? Qual a nossa relação com a tridimensionalidade do tempo (passado/presente e futuro)?

Na verdade, as nossas interpretações dos factos observados no presente em muito dependem das experiências anteriores e das nossas expetactivas para o agora e o depois. Na literatura, esta teoria foi amplamente dissecada por Hans Robert Jauss e pode ajudar-nos a compreender as nossas reações, não só à estética literária e à receção da literatura, mas também em relação ao mundo e ao que dele se diz. É um facto que as notícias falsas proliferam........

© Jornal Económico