Já parece uma anedota distante. Mas foi há apenas um ano (final de agosto de 2021). O PS reunia-se em congresso e discutia-se a sucessão de António Costa. Quem seria o favorito dos militantes? Quem teria mais apoios no aparelho? Quem seria bafejado pelos favores do líder e ficaria sentado ao seu lado: Pedro Nuno Santos, Fernando Medina, Ana Catarina Mendes ou Mariana Vieira da Silva?
Na verdade, nenhum se destacou. Porque, especialista em teatro de sombras (como qualquer político contemporâneo bem-sucedido), o líder do PS tirou Marta Temido da cartola, ofereceu-lhe o cartão de militante no palco, garantindo-lhe uma ovação em Portimão e uma nova vaga de mediatismo e reconhecimento popular. Um mês depois, já havia uma sondagem que a apontava como a melhor candidata a suceder a Costa. A encenação correu bem, o líder socialista terá ficado satisfeito.
Mas, depois, e como tantas vezes acontece, a política acelerou, veio o chumbo do Orçamento, as eleições antecipadas, a vitória do PS por maioria absoluta: a sucessão deixou de ser um bom entretenimento para abrir noticiários nas televisões e páginas de jornais. Costa renovou o mandato de Temido e, pelo caminho, o de Pedro Nuno e Mariana. Por coincidência, ou talvez não, Ana Catarina e Medina (apesar do desastre de Lisboa) também passaram a ministros. Todos em pé de igualdade e prontos para novos capítulos do teatro de sombras.
Mas a política acelerou outra vez. E como se já não bastasse a famigerada conjuntura internacional (e a inflação a corroer os baixos rendimentos dos portugueses), dois ministros foram atropelados pelos acontecimentos. Primeiro, Pedro Nuno Santos, o ministro humilhado no episódio do novo aeroporto de Lisboa (e que, hoje em dia, deve ter a mesma capacidade de decisão de um subsecretário de Estado, se os houvesse). Marta Temido, acossada pela torrente imparável de falhas nas urgências (ainda por cima as que acodem às mães e aos bebés) e já sem a capa protetora do combate à pandemia. O primeiro dispôs-se a continuar. A segunda preferiu abandonar o teatro de sombras.
*Diretor-adjunto
Já parece uma anedota distante. Mas foi há apenas um ano (final de agosto de 2021). O PS reunia-se em congresso e discutia-se a sucessão de António Costa. Quem seria o favorito dos militantes? Quem teria mais apoios no aparelho? Quem seria bafejado pelos favores do líder e ficaria sentado ao seu lado: Pedro Nuno Santos, Fernando Medina, Ana Catarina Mendes ou Mariana Vieira da Silva?
Na verdade, nenhum se destacou. Porque, especialista em teatro de sombras (como qualquer político contemporâneo bem-sucedido), o líder do........
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