Quando se prepara um novo ciclo de governação, devemos promover uma reflexão que releve ensinamentos do passado para pensar e projetar o futuro do país, tendo como objetivo garantir um processo efetivo de convergência europeia até 2030, num contexto de acelerada transformação digital e ecológica da sociedade e da economia.

Olhando o caminho percorrido na ciência e tecnologia nas últimas décadas, é incontornável a dinâmica de convergência de Portugal com a Europa, em termos de graduados com Ensino Superior, da balança tecnológica de pagamentos e da exportação de bens e serviços de maior valor acrescentado, do número de investigadores na população ativa, da inserção das instituições em redes internacionais e da valorização do conhecimento.

O balanço é, globalmente, positivo. Contudo, temos a noção que o aumento da intensidade da despesa em I&D em função do PIB representa um processo político, institucional e social complexo e permanente e, por outro lado, persistem défices de qualificação na população adulta e obstáculos vários à inovação.

A análise comparada a nível europeu permite identificar constrangimentos, como a reduzida valorização económica da propriedade intelectual e industrial, o débil investimento empresarial em I&D e o limitante nível de formação avançada da força laboral, a requerer dinâmicas continuadas de formação ao longo da vida.
As respostas a estes desafios passam por especializar o processo de ensino, aumentar a intensidade da despesa em I&D e a interação com as empresas, o que exige uma mobilização coletiva e um forte compromisso dos atores políticos.

Os novos responsáveis políticos devem apresentar uma visão, estratégia e medidas claras para construção de um caminho capaz de preparar o país para a próxima década, que se antecipa de grande imprevisibilidade, devendo as questões da qualificação, da investigação e da valorização do conhecimento assumir um papel central.