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Economia criativa, metanarrativa e coesão territorial (I)

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18.09.2024

As relações entre cultura e desenvolvimento são um assunto recorrente, mas, desta vez, o capitalismo digital e criativo mudou o paradigma que ligava cultura e desenvolvimento. O elemento-chave deste novo paradigma é a criatividade e os processos criativos. O que se propõe é que deixemos de ser, por alguns momentos, apenas consumidores, clientes, utentes e utilizadores para sermos, também, coprodutores, cuidadores, curadores e criativos do ambiente e do território que nos rodeia, tirando partido das nossas faculdades mais excecionais e criativas

Como sabemos, a lei de ferro do capitalismo – a privatização do benefício e a socialização do prejuízo – gerou inúmeras deseconomias externas contra a natureza e o nosso próprio modo de vida, como agora se constata à evidência. Estas deseconomias externas atingiram hoje um limiar intolerável de impacto sobre a natureza ambiente e sobre a natureza humana. Além disso, estas deseconomias externas só são possíveis em democracia porque os ciclos políticos são muito curtos e todos os protagonistas jogam o jogo da dissimulação e ocultação que, segundo eles, joga a favor das suas pretensões mais imediatas. Não obstante a assimetria das relações de poder do capitalismo financeiro, quero crer que os valores do património e da paisagem, a energia simbólica das artes e da cultura e a força positiva da ciência e tecnologia irão gradualmente convergir e, em conjunto, pôr um fim aos efeitos mais disruptivos da economia produtivista e suas externalidades negativas.

Aqui chegados, a grande questão em aberto é a de saber, sobretudo nas áreas de baixa densidade, como maximizar, por um lado, os efeitos diretos e as externalidades positivas da economia digital e criativa e, por outro, como monitorizar e minimizar os seus efeitos mais difusos e dispersivos sobre os territórios. Ou seja, precisamos de uma metanarrativa da economia digital e criativa que, por um lado, nos esclareça sobre o lado mais positivo e criativo de utilização dos seus dispositivos e instrumentos tecno-digitais e, por outro, nos convença da sua capacidade para mitigar e moderar os efeitos transversais mais gravosos das grandes transições.

Na verdade, tecnologia, arte e desenvolvimento sustentável dos territórios pode ser uma sequência muito prometedora se soubermos contextualizar e operacionalizar devidamente todas as variáveis envolvidas. E aqui reside a dificuldade. A década........

© Jornal de Notícias


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