E assim morre um homem...
Tinha pálpebras descaídas e olhos de alcoólico, carregados de dor. O seu olhar não deixava ninguém indiferente e quando falava, o que raramente acontecia, as palavras vinham também impregnadas de sofrimento. Era um homem medonho e ao mesmo tempo belo e misterioso.
Vivia nos arredores da cidade, numa urbanização rodeada de árvores ainda pequenas e tenras. Os candeeiros eram mais altos do que as árvores e à noite emanavam uma luz amarela e intensa, mas triste. Era uma zona sossegada, sem bares, sem restaurantes, sem supermercados e mal se viam pessoas na rua, como se o local estivesse abandonado.
Quando ele saía do escritório, no centro da cidade, dirigia-se a um bar, duas ruas acima, e sentava-se num canto a beber cerveja e ficava ali até à meia-noite e às vezes comia uma sandes mista e as três empregadas olhavam-no intrigadas e entreolhavam-se e trocavam sorrisos entre si.
As empregadas eram mulheres novas e vulgares, de estatura média, duas morenas e uma de pele alvíssima e cabelos loiros, mas havia........
© JM Madeira
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