Cheff Otto: como o criador de 23 anos está construindo uma holding de mídia |
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Na quinta-feira seguinte ao título brasileiro do Flamengo, Otto chegou ao escritório por volta das 10h. Na agenda, gravações para Heinz e Cacau Show. Dias antes, ele e o time haviam entregue em 24 horas um publi para o YouTube: Otto preparando um porco inteiro para pagar uma aposta ligada à derrota do Palmeiras.
Toda a operação acontece na sede da Cheff Otto, em um prédio comercial próximo à Berrini, em São Paulo. O espaço de 160 m² concentra escritório e dois estúdios. Nove pessoas trabalham presencialmente, com outras seis remotas. Para 2026, o plano prevê a entrada de mais 11 colaboradores.
Entre os objetos do ambiente, uma mala prateada chama atenção: a placa do YouTube pelos 10 milhões de inscritos alcançados no mês passado.
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É uma estrutura empresarial. E explica por que o criador define a Cheff Otto como um hub de gastronomia que opera como empresa de mídia, com mentalidade de startup.
“Percebi que um time constrói algo muito maior do que eu conseguiria sozinho. Hoje não sou eu. A Cheff Otto é uma empresa de mídia, de conteúdo, de projetos e de novos negócios.”
Até o início deste ano, essa estrutura não existia em São Paulo. Os conteúdos eram produzidos em Sorocaba, cidade natal de Otto, com o suporte de dois amigos que cresceram com o negócio. Leonardo Oliveira, diretor de negócios, e Filippo Rolim, diretor de produção, acompanharam a escalada até o canal se tornar o maior de gastronomia do país.
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Antes da mudança, um terceiro pilar foi incorporado: Marcelo Filho, editor-chefe. Ele deixou o mercado tradicional para assumir uma engrenagem central da operação. Hoje, o canal recebe 25 milhões de espectadores mensais só no YouTube. No total, são 110 milhões de views e média de 3,5 milhões por conteúdo, alcançando 18 milhões de seguidores entre YouTube, Instagram e TikTok.
A ida para São Paulo foi bem planejada. Além de estruturar a marca como plataforma de mídia e negócios, a proximidade com o mercado publicitário aceleraria parcerias. Já são mais de 20 campanhas com marcas como Latam, Bimbo e McDonald’s. Há conversas em andamento para a Copa de 2026 com a CazéTV.
Para alguém que há cinco anos fazia vídeos curtos e viralizou no TikTok ensinando receitas práticas, a ascensão meteórica não ilude. Na posição de CEO, Otto recebe um salário de R$ 9.000 para manter capital de giro na empresa e disciplina financeira. Mora em São Paulo com a noiva, Giovanna Gabriotti, e descreve uma rotina sem luxos.
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A maturidade com que lidera o startup de mídia contrasta com a idade: Otto havia completado 23 anos na semana anterior à minha visita ao estúdio.
Nas 2h30 que passei ali, pude ver na prática como as ideias defendidas por Sean Atkins, ex-presidente da MTV, se materializam no mundo dos criadores. Em texto recente, Atkins elencou o que a TV linear não conseguiu transferir para esse novo ecossistema: menos camadas de aprovação, menos culto à marca e menos confusão entre tempo de carreira e expertise.
“Um jovem de 22 anos que já conquistou 10 milhões de seguidores sabe algo que eu nunca vou entender completamente.” Exceto pela idade, Atkins poderia estar falando de Otto.
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É a partir desse ponto que a história avança para explicar por que a próxima onda da mídia será construída na intersecção entre criadores e players........