Desde o aparecimento do mito do aquecimento global causado pelo Homem pela queima de combustíveis contendo carbono, nomeadamente os combustíveis fósseis – aos quais se declarou uma guerra sem tréguas –, a fama do carbono é das piores que existe. Nem o mercúrio, nem os metais pesados, nem os resíduos nucleares gozam da má fama atual do carbono!

As palavras de ordem são “descarbonizar”, “taxa de carbono”, “tecnologias livres de carbono”, “carbono-neutro”, “energias limpas, verdes, sustentáveis”, etc.. Pretende-se, com estes chavões, convencer as pessoas que o carbono é um elemento pernicioso que temos de afastar definitivamente do planeta. E este propósito está a ser conseguido!

Porém, como não é possível enviar todo o carbono para o espaço, ele vai continuar no planeta, enquanto este existir. E, para mal dos nossos pecados, nós, e todos os seres vivos deste planeta, somos feitos de carbono, quiçá oriundo do “pó das estrelas” de que falava o multi-facetado astrónomo Carl Sagan ou, mais recentemente, o astrofísico Neil deGrasse Tyson.

A beleza da expressão “pó das estrelas” tem servido para inspirar (ou enfeitar) temas de canções, de livros, de palestras, etc., mas já ninguém quer saber do que somos feitos porque aquilo de que somos feitos é agora um veneno que está a destruir o planeta: o carbono!

Haverá alternativa à vida baseada no carbono? Teoricamente, sim! O próprio Carl Sagan, especulando sobre a vida noutras partes do universo, admite que há outros elementos químicos suscetíveis de poder originar vida sem a intervenção do carbono, e um desses elementos é o silício que pode formar ligações semelhantes àquele, embora em ambientes diferentes, possivelmente noutras condições de temperatura e pressão, e na presença de outras substâncias…

Ou seja, a vida espontânea baseada no silício na Terra apresenta uma possibilidade muitíssimo remota, além de que seriam necessários milhões de anos de evolução natural extra para se chegar ao homo silex sapiens, a não ser que não se trate de uma evolução natural, isto é, que seja o próprio homo carbo sapiens a desenvolver essa vida inteligente baseada no silício, o que penso que já está a acontecer.

De facto, o silício é, pelas suas propriedades semi-condutoras, o constituinte básico da eletrónica dos processadores, processadores a que se pode “dar vida” com programas inteligentes que permitirão, incorporados em estruturas robóticas, desempenhar funções humanas – desde que dotados também de sentidos (sensores), de reação (movimento) e energia que pode, ela também, provir de células fotovoltaicas de silício.

Por falar em células fotovoltaicas de silício, assistimos também, passivamente, à substituição de florestas de carbono por centrais fotovoltaicas, geralmente de silício ou de cádmio. E assim caminhamos para a completa “descarbonização” do planeta: o carbono a ser, cada vez mais, substituído pelo silício, a caminho de um planeta muito mais saudável, povoado de robôs e imensas florestas de silício que “alimentam” os robôs, pelo menos até as futuras gerações de robôs descobrirem que o silício está também a destruir o planeta.

Henrique Sousa

Editor para Energia e Ambiente do Inconveniente

QOSHE - A alternativa ao carbono - Henrique Sousa
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A alternativa ao carbono

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13.09.2023

Desde o aparecimento do mito do aquecimento global causado pelo Homem pela queima de combustíveis contendo carbono, nomeadamente os combustíveis fósseis – aos quais se declarou uma guerra sem tréguas –, a fama do carbono é das piores que existe. Nem o mercúrio, nem os metais pesados, nem os resíduos nucleares gozam da má fama atual do carbono!

As palavras de ordem são “descarbonizar”, “taxa de carbono”, “tecnologias livres de carbono”, “carbono-neutro”, “energias limpas, verdes, sustentáveis”, etc.. Pretende-se, com estes chavões, convencer as pessoas que o carbono é um elemento pernicioso que temos de afastar definitivamente do planeta. E este propósito está a ser conseguido!

Porém, como não é possível enviar todo o carbono para o espaço, ele vai continuar no planeta, enquanto este existir.........

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