Um brinde a nós, os imperfeitos: mensagem de Natal

Sob a luz do pisca-pisca, contemplo cartões de Natal virtuais, que me chegam na forma de comentários. O contraste é tão óbvio que me dói. De um lado, palavras de apoio e compreensão. Até de solidariedade, porque não pense que é fácil, não. De outro, julgamentos, insultos e acusações estapafúrdias. Levanto a cabeça. Ao longe, a cidade se enfeita. “Deve estar tocando ‘Então É Natal’ em algum lugar”, penso e rio. Tão ridículas essas nossas implicâncias com as coisas à toa que preenchem o nosso dia.

Volto às mensagens, que são o que de mais próximo há de uma conversa entre mim e o leitor. Nas mensagens mais duras, tento enxergar a dor e a frustração com que foram escritas. Me pergunto se, à custa da minha honestidade e credibilidade, deveria ter sido mais militante. Mais panfletário. Aí leio uma mensagem elogiosa, sensata, calma, bem-humorada e me sinto vingado – por mais feio que isso seja e é. Afinal, ainda há quem consiga perceber o esforço honesto da análise idem. Mais do que isso, há quem consiga rir comigo. E como é boa uma risada compartilhada!

Sou um escombro de medos e dúvidas amalgamadas por um humor de gosto duvidoso. Me pesa ao ombro a cruz de quem tenta ver além do preto no branco. E acredite: seria tão mais fácil se eu ficasse reproduzindo gritos de absurdo!, inaceitável! e inadmissível!... Mas não. Insisto em dar mais do que........

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