O primeiro-ministro demitiu-se, mas mantém-se em funções. O Presidente aceitou a sua demissão, mas não a oficializou. A Assembleia será dissolvida, mas prossegue em trabalhos. O Governo acabou, mas detém plenos poderes. Foram convocadas eleições, mas para daqui a quatro meses. O Orçamento será votado (por um parlamento pré-dissolvido), aprovado (por uma maioria sem líder) e executado (por outro ministro das Finanças). Mário Centeno, disponível para terminar a legislatura por indicação partidária, continuará governador do Banco de Portugal, alegadamente independente. O Ministério Público, cuja investigação buscou um ministro, prendeu um chefe de gabinete e derrubou um Governo, viu o juiz de instrução deixar todos em liberdade e descartar quaisquer indícios de corrupção. Ao autarca, detido cinco noites, nem um só crime foi imputado.

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