Sobre o abuso sexual não podem existir “achismos”

O abuso sexual de uma forma geral – e no contexto da Igreja Católica, em particular – é um assunto demasiado sério e importante para ser abordado de uma forma populista e imprudente. É preciso saber do que se fala e evitar abordagens superficiais, insensatas e baseadas em achismos, sem qualquer rigor ou evidência técnica e científica. Neste contexto, e a respeito do muito que tem vindo a ser dito e escrito sobre o regulamento aprovado pela Igreja Católica em Portugal sobre o processo de compensação financeira às vítimas de abuso sexual, vem o Grupo VITA tentar clarificar alguns aspetos essenciais.

Em primeiro lugar, salientar que a missão do Grupo VITA é muito mais abrangente do que a colaboração na elaboração de um regulamento a ser aplicado para efeitos de compensação financeira. Tem-se focado, acima de tudo, no processo de escuta e de acompanhamento das vítimas - 111 até ao momento atual. Pessoas que - de forma não anónima, refira-se -, nos procuram e pedem ajuda, dando início a um processo de acompanhamento que é, em muitas situações, diário. Pessoas que, na sua maioria, têm o contacto pessoal do elemento de referência do Grupo VITA e a quem recorrem sempre que é necessário, independentemente do dia da semana ou da hora do dia. Este processo de acompanhamento tem-se revelado também inovador no nosso país, na medida em que permite o acesso destas vitimas a processos de acompanhamento psicológico e psiquiátrico que, sabemos, não são acessíveis à maioria das pessoas, atendendo aos custos associados.

Em paralelo, o Grupo VITA tem-se focado na capacitação das numerosas estruturas da Igreja, desenvolvendo ações de formação e prevenção desenhadas à medida das necessidades concretas. Curiosamente, também........

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