Em abril, e em pleno arranque das comemorações dos nossos 50 anos de democracia, o país parece estar a atravessar uma valente crise de meia-idade.
Ora vejamos: em poucas semanas o líder da AD viu-se obrigado a desmentir um hipotético recuo na lei do aborto, que tinha sido tranquilamente sugerido por um dos seus membros mais radicais, e ganhámos ainda cinquenta deputados de extrema-direita na AR, alguns deles abertamente misóginos. Na continuação das festividades de abril, os autores do manifesto “Identidade e Família”, uma espécie de autoproclamados vingadores da direita ultraconservadora portuguesa, presentearam-nos com a sua epifania visionária para o país, que é mais um plano de combate aos “adversários da família”, a “ideologia de género”, e a “cultura da morte.”
De visionária só mesmo a crença e a nostalgia face a uma sociedade abstrata e na qual nenhum democrata moderado se insere, até porque os excertos partilhados remetem não para o futuro, mas para a idade média. Ah, lá vem o clero fanático.
Seguindo um discurso típico da sua inclinação política, este novo grupo de vingadores do conceito “Deus, Pátria, Família” propõe-se, numa sociedade moderna, em 2024, a........