O limite das fantasias — o alegado caso dos homens que violaram em grupo uma menor no Metaverso
No início deste ano, foi notícia, comentada por Nacy Jo Sales, que a polícia britânica está a investigar o caso de uma menor, de 16 anos, que foi, alegadamente, sujeita a uma violação em grupo no Metaverso, software de realidade virtual.
“Realidade Virtual”. Repito: “REALIDADE virtual”. Pese embora este meu destaque, pretendo tentar ter uma posição de afastamento e tranquilidade — aviso desde já que irei falhar. Analisemos, então, algumas grandes questões que, a meu ver, nos podem surgir a partir deste alegado acontecimento.
(Acredito que muita gente possa achar que há assuntos mais importantes a tratar, mas a verdade é que este caso pode ser usado como um estudo para o futuro da realidade virtual, ainda por cima quando a própria Meta considera que o Metaverso é o futuro da interação social online.)
Óbvio que entre escolher queimar o braço com óleo de fritar a ferver ou ser sugada por um vulcão em erupção, arrisco-me a dizer que, a tendência seria escolher a primeira opção. No entanto, tal não faz com que fritar um pouco o braço involuntariamente não se encontre, algures na escala de experiência humana, entre o chato e o horrivelmente doloroso. (Mesmo que fosse voluntário, o que seria um caso de estudo psicológico, continuaria a ser doloroso, sejamos francos). Pois bem, aqui não estamos a falar de uma queimadura acidental, mas sim de um grupo de gajos (não peço desculpa pelo uso deste termo, diria o mesmo para ‘gajas’, se a intenção fosse demonstrar desprezo) que se organizou, para violar uma menor em realidade virtual. Tiveram de planear. Um grupo de gajos teve como intenção violar virtualmente uma rapariga. E violou, alegadamente.
Este tipo de normalidade em combinar uma atrocidade destas insere-se no movimento de “Rape Culture”: um contexto/ambiente em que a violação está prevalente e em que a violência sexual está normalizada e é regularmente desculpada nos media e no dia-a-dia. Coisas como “ela estava a pedi-las”, ou “não tivesse ido para casa dele”, ou “com aquela roupa estava à espera de quê”, inserem-se neste........
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