Michelle, um exemplo |
A filosofia é enxerida, eu sei. Desde seu surgimento, ela tem a mania de meter o bedelho onde não é chamada. É sua vocação: construir dilemas, escandir problemas, suscitar dúvidas. A Coruja de Minerva alça voo ao entardecer, quando tudo se acalma, quando todos acreditam que não há nada para fazer e que o dia acabou. Lá vem ela, a vontade de saber, enxergando quando o escuro é mais forte.
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Na última semana, vimos Michelle Bolsonaro cometer um lapso de postagem, como diriam os nativos da revolução treconológica. Trocando a palavra “força” por “forca”, alterou o sentido da frase, mudando substancialmente a mensagem que gostaria de enviar. Mero descuido? Força do inconsciente? Aceleração para engajamento? Não sabemos. Mas, em tempos de digitalização política, ela abriu — sem querer querendo — a Caixa de Pandora dos territórios tecnofeudais.
Suscitou – agora sem querer mesmo! - um problema filosófico antigo, mas devastador em suas consequências: existem mais palavras ou mais coisas no mundo? Nomeamos porque as coisas existem ou as coisas passam a existir porque as nomeamos? Se faltasse a palavra “forca”, a ideia estaria ausente do mundo — ou apenas aguardando sua vez de ser dita? Acreditar que as palavras são........