Fim de ano na Câmara com duas cassações

“Todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais do que outros.” A frase de George Orwell, escrita para falar de fábulas de poder, ajuda a compreender o ambiente na Câmara Municipal de Belo Horizonte neste fim de ano. Em poucos dias, dois vereadores eleitos em 2024 tiveram os mandatos cassados pela Justiça Eleitoral em primeira instância. Formalmente, os casos guardam semelhanças relevantes. Politicamente, porém, a reação do Legislativo expõe um contraste difícil de ignorar.

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Lucas Ganem (Podemos) e Leonardo Ângelo (Cidadania) encerram 2025 sob a mesma condição jurídica. Ambos recorrem, ambos permanecem no cargo até o trânsito em julgado e ambos podem perder definitivamente o mandato. A igualdade, no entanto, termina aí. Dentro da Câmara, o destino político de cada um passou a ser tratado de forma distinta. Ganem foi isolado. Ângelo, administrado. Um virou problema a ser afastado. O outro, uma crise a ser amortecida.

O contexto ajuda a entender o peso simbólico desse desfecho. A Câmara chega ao recesso após um segundo semestre marcado por votações polêmicas, projetos sob questionamento jurídico e críticas crescentes sobre os limites institucionais do plenário. As decisões da Justiça Eleitoral, ainda sem efeito imediato, funcionam como um fechamento incômodo de ciclo. Não representam um ponto final, mas um aviso claro de que o sistema entrou em zona de tensão.

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