Opinião | Qual o meu maior defeito? Eu julgo sem cessar. Não me diz respeito, mas... julgo |
Coluna semanal do historiador Leandro Karnal, com crônicas e textos sobre ética, religião, comportamento e atualidades
Coluna semanal do historiador Leandro Karnal, com crônicas e textos sobre ética, religião, comportamento e atualidades
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O título da crônica parece pergunta clássica de entrevista de emprego. Identificar sua falha-mestra real é perigoso. Preferimos dizer um defeito que favoreça o contratante: “perfeccionismo”, diz o candidato com um sorriso. Ninguém falaria “sou muito agressivo” ou “bebo demais todo dia”. Essa confissão barraria sua chance. Mas... e se a pergunta fosse um exercício socrático de se conhecer, sem pressão de trabalho? Qual o seu maior defeito, querida leitora e estimado leitor?
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Não posso falar por vocês. Sigo, então, o conselho estoico de corrigir-se antes de apontar falhas alheias. Tenho muitos defeitos. Qual seria o maior? Emerge a dúvida da hierarquia: o maior seria aquilo que incomoda mais a mim ou o que perturba terceiros? Os gestos visíveis e audíveis ou as vilanias internas inconfessadas e irrealizadas? Os defeitos públicos ou privados? No mundo digital: os que constam nas redes sociais ou aqueles que jamais virarão tema de um post?
Começo pelo que mais incomoda a mim. Eu julgo sem cessar. Meu senso draconiano se abate sobre o mundo. Vejo pessoas pelos aeroportos com duas malas, três sacolas, uma bolsa e sacos plásticos menores, atrapalhadas com o excesso de coisas. Arrastam-se.........