Opinião | Tokenização de judeus e antissemitismo |
Em discussões políticas e midiáticas estratégicas, o termo “tokenização” descreve o uso simbólico de indivíduos de grupos minoritários para criar uma aparência de diversidade ou tolerância. No contexto judaico, esse fenômeno assume contornos específicos, pois instrumentaliza algumas identidades judaicas para justificar discursos ou práticas que, em última instância, reforçam o antissemitismo.
No caso do antissemitismo, observamos que alguns judeus passam a ser celebrados pelos antissemitas ou por discursos hostis como prova de que “vejam, há judeus que concordam conosco”. Eu e outros analistas judaicos definimos esse uso de vozes, esse uso de “judeus aceitáveis”, como tokenização, quando poucas opiniões não representativas são usadas para justificar o próprio antissemitismo, como se o antissemita quisesse dizer: não é que eu não goste dos judeus, eu gosto só de alguns judeus e posso provar que esses alguns existem.
Há algumas características recorrentes nesse processo. Os indivíduos “abraçados” frequentemente precisam renegar, minimizar ou disfarçar traços identitários, valores e sinais estéticos que os ligam ao seu grupo étnico. Para serem aceitos pelos opressores, abrem mão de elementos centrais da identidade da sua própria comunidade. Outros são escolhidos para desempenhar esse papel justamente porque nem sequer tiveram uma vida comunitária: por não terem........