Opinião | Segall em duas exposições

Duas exposições sobre a obra de Segall foram recém-inauguradas em São Paulo.

A primeira, O paisagismo modernista na produção artística de Lasar Segall, no próprio Museu Segall na Vila Mariana. A segunda, na Bela Vista, no Museu Judaico de São Paulo, com a curadoria de Patricia Wagner. Intitula-se Sempre a Mesma Lua. Trata do amplo significado da condição judaica na sua criação artística, na qual sob “o silêncio amigo” a lua aparece muitas vezes.

As duas exposições ocorrem em convergente complementariedade. Revelam a diversidade criativa dos múltiplos olhares de um grande artista. Alfredo Bosi, ao tratar da fenomenologia do olhar, esclarece: uma coisa é o objeto do olhar, outra é o modo de ver que dá forma e sentido ao objeto do olhar.

Segall dizia que sempre conservou muito abertos os olhos. Por isso, não é por acaso que olhos de proporção maior que o normal são recorrentes no seu traço. Segall viu muita coisa na sua vida, transcorrida na Europa — na Lituânia, onde nasceu, e na Alemanha, onde estudou e participou, influenciou e foi influenciado pelo movimento expressionista — e, subsequentemente no Brasil — onde se radicou e se enraizou, criou família e atuou participando do modernismo brasileiro. Daí a abrangência dos objetos de seu olhar, ora aflito, ora........

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