Opinião | A encruzilhada da matemática no Brasil: entre o atraso crônico e o brilho das exceções

O Brasil vive um paradoxo matemático doloroso. Enquanto celebramos o brilho de jovens talentos em competições internacionais e o sucesso de programas de excelência, os resultados massivos da educação básica nos colocam, ano após ano, numa posição vergonhosa no cenário global. Os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2022 são um alarme que insistimos em colocar no modo “soneca”: cerca de 70% dos nossos estudantes de 15 anos não têm o nível mínimo de proficiência em matemática, o que significa que não conseguem resolver problemas básicos do cotidiano. Essa não é apenas uma estatística educacional; é uma sentença sobre o nosso futuro.

Enquanto patinamos em conceitos elementares, nações como Singapura, Japão, Coreia do Sul e Estônia disparam na liderança. O segredo não é uma fórmula mágica, mas um projeto de nação que trata a matemática não como mera memorização de regras, mas como linguagem para o pensamento crítico e a inovação. O sucesso baseia-se em três pilares: a formação rigorosa e a valorização de professores; um currículo focado na profundidade conceitual, como o de Singapura; e uma cultura que vê a educação como o principal motor do desenvolvimento econômico e social.

A importância da matemática para um país transcende os muros da escola. Não há como aspirar a ser........

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