Opinião | Quando a comida vira drink

Meses atrás, um bando de bartender foi a Salvador descobrir ingredientes da Bahia. De um lado tinha cubano, italiano, mexicano, paulistano, colombiano. Do outro, dendê, camarão seco, biri-biri, cacau, meles nativos. Tudo muito divertido, mas caía na prova do Purgatório Bar e do SubAstor: todo mundo tinha que usar os produtos em um coquetel.

Inspirados no acarajé, Daniel Ortega e Erick Román, do Bijou Drinkery Room, da Cidade do México, refogaram camarão seco no dendê com cuidado e pouco calor, infusionaram em tequila e, com um toque de cupuaçu, outro de mel de borá, criaram um drink umami original. Se parecia o bolinho de feijão-fradinho? Num fim de tarde na praia de Itaparica!

É verdade que um dos hits do speakeasy mexicano é o Tzatziki. Derivado do mais famoso dos dips gregos, Ortega partiu de pepino e iogurte, juntou maçã verde e tomate, clarificou e carbonatou. Misturou esse refrigerante gastronômico com uma dose de tequila especial, criando um highball vibrante e perfumado.

Ideia de malucos? Capaz, mas eles são cada vez mais numerosos! Milanês até dizer chega, Daniele Celli, diretor do Principe Bar, converteu o risoto milanês (preparo tradicional à base de arroz carnaroli e açafrão) numa bebida de luxo.

No El Milanes, servido no Hotel Principe di Savoia, um dos belos cinco estrelas de Milão, “o saquê faz as vezes do arroz, o jerez e o bitter de chalota remetem ao vinho e à cebola do refogado inicial”. A manteiga? “No risoto vai manteiga, e, claro, no milanês,........

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