O Papa Francisco publicou, no passado dia 4, uma bela carta sobre O Papel da literatura na educação1. Começa por “constatar, com pesar, a falta de um lugar adequado da literatura na formação daqueles que se destinam ao ministério ordenado (...), muitas vezes considerada como uma forma de passatempo, ou seja, como uma expressão menor de cultura que não faria parte do caminho de preparação e, portanto, da experiência pastoral concreta dos futuros sacerdotes” (nº 4). Adianta que “tal perspetiva não é boa. Ela está na origem de uma forma de grave empobrecimento intelectual e espiritual dos futuros sacerdotes, que ficam assim privados de um acesso privilegiado (...) ao coração da cultura humana e, mais especificamente, ao coração do ser humano” (nº 4). Propõe, por isso, “uma mudança radical de atitude” (nº 5).
Evoca, a propósito, o escritor argentino Jorge Luís Borges que “costumava dizer aos seus alunos: o mais importante é ler, entrar em contacto direto com a literatura, mergulhar no texto vivo que se tem diante de si, mais do que fixar-se em ideias e comentários críticos2. E explicava-lhes este pensamento, dizendo-lhes que, talvez, no início, compreendessem pouco do que estavam a ler, mas em todo o caso teriam escutado ‘a voz de alguém’” (nº 20). Comentando a afirmação, o Papa afirma:........