Saúde em Balanço

 

 

No final de cada ano civil, gosto de pensar que os balanços funcionam quase como uma espécie de pulsação institucional. Aquele momento em que paramos, respiramos fundo e medimos a vida que passou pelos nossos dias. Na área da Saúde, este gesto ganha um peso especial: rever dados, processos e responsabilidades (“accountability”) não é apenas cumprir um ritual administrativo, é um compromisso íntimo com quem cuidamos e com quem trabalha para cuidar. É como ajustar o foco de uma lente que amplia a avaliação honesta e onde conseguimos ver com nitidez o que precisa de ser corrigido, reforçado ou celebrado. E, no fundo, este exercício lembra-nos que progresso sem reflexão é apenas movimento; com reflexão, torna-‑se direção. E 2025 pede precisamente essa coragem de olhar.
Neste ano, a saúde em Portugal vive num duplo plano. Nos discursos públicos, fala‑se de “transformação histórica”, dos milhões do PRR e da promessa tecnológica; mas, na experiência concreta de muitos portugueses, persistem as esperas para consultas, exames e a falta de sinais de estabilidade no SNS. Entre a ambição de um sistema moderno e a teimosia de bloqueios antigos, o país encerra o ano com a........

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