Por Entre Linhas e Ideias

É o amor que dá sentido ao Natal? Esta crónica parte dessa interrogação para convidar à reflexão sobre o espírito natalício, para lá do que fazemos por hábito mais do que por convicção. Entre luzes, música e mesas cheias, o Natal fala muito de amor, mas pouco nos detemos a pensar se falamos do amor que se embrulha em papel brilhante e se mede pelo valor do presente ou daquele que se vive na atenção ao outro, no cuidado e na presença.

        Talvez seja boa ideia começar pelos gregos, para quem o amor não era uma realidade única, mas um conjunto de experiências distintas. Eros designava o amor do desejo, philia o amor da amizade e da proximidade, storge o amor familiar e ágape, talvez o mais exigente de todos, o amor gratuito e desinteressado. É este último que o Natal parece querer colocar no centro, mesmo que nem sempre saibamos como vivê-lo. Um amor mais próximo do cuidado do que da paixão, mais atento à fragilidade do que ao brilho, que se manifesta no acolhimento e na capacidade de se deixar afetar pelo outro

        Não é por acaso que uma das narrativas centrais desta época seja a dos Reis Magos, homens que não ficam em casa à espera de sinais evidentes, mas que partem, guiados........

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