Vindima
Teresa A. Ferreira
Não é a Vindima de Miguel Torga, não, é a da minha casa. Já vos explico tudo.
Os meus pais tinham uma vinha na Abelheira, isto é, junto à estrada que vai de Torre de Dona Chama para Bragança. Ficava no cimo de uma reta, do lado direito, um pouco antes de chegar a Vila Nova da Rainha, a primeira localidade que se encontra mal se sai da Torre.
Esta vinha, com pouco mais de meio hectare, além das uvas também estava debruada com árvores de fruto e tinha um poço para rega. As cerejas grandes e carnudas, nunca lhe senti o sabor. Os transeuntes e os pássaros davam conta delas e ainda tinham o desplante de deixar os caroços e os pés no chão, junto à árvore. Consolavam o estômago sem preocupações de maior.
Todos os anos, em meados de setembro, fazia-se a vindima com gente de casa e algumas pessoas amigas dos meus pais. Lembro-me de participar nestas lides a partir dos 14 anos.
Para começar, a função corria mal para o meu lado – tinha de me levantar cedo e era um tormento saltar da cama quando o sol mal se espreguiçava. Depois…enchendo o........
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