VAMBERTO FREITAS SOBRE CHRONICAÇORES volume 5, LIAMES E EPIFANIAS AUTOBIOGRÁFICAS

Chrys Chrystello

509 VAMBERTO FREITAS SOBRE CHRONICAÇORES LIAMES E EPIFANIAS AUTOBIOGRÁFICAS, VOL. 5

PREFÁCIO – QUANDO UM ANDARILHO DO MUNDO ACABA NOS AÇORES

… Vivi três vidas numa só, carreiras distintas em paralelo e nada de material tinha para mostrar, mas teimava em acarretar essa pesada bagagem de conhecimentos e cultura.

Chrys Chrystello, Liames E Epifanias 1949-2005 (ChrónicAçores V)

Vamberto Freitas

Falar de Chrys Chrystello é falar de um Fernão Mendes Pinto da nossa época (menos as supostas mentiras do autor de Peregrinação, publicado em 1614), e que desde há anos vive e dinamiza a cultura literária (e não só) aqui nas ilhas, e levando tudo para o exterior adentro de Portugal e no estrangeiro. Esta não é em uma feroz anticruzada como Peregrinação, a primeira da Europa ou do mundo após os Descobrimentos portugueses, como a classificou Rebbeca Catz há muitos anos, numa distinta tese de doutoramento defendida na Universidade da Califórnia. Uma estudiosa falecida, mas que permaneceu sempre uma grande amiga e admiradora de Portugal, e foi na altura elogiada largamente por alguns escritores e intelectuais do nosso país, como Augusto Abelaira. O seu livro fulminante (mesmo sendo uma tese de doutoramento defendida na Universidade da Califórnia) foi publicado em Inglês em 1972, e depois traduzido em Portugal em 1978 sob o título de A sátira social de Fernão Mendes Pinto: análise crítica da Peregrinação.

Não pretendo fazer aqui paralelismos com a dividida e complexa experiência vivencial ou profissional de Chrys Chrystello, seja como jornalista ou como escritor. Só que este seu livro contém passos semelhantes, apesar de ele nunca lido Rebbeca Catz. Na contracapa do livro desta americana judia vem uma citação mais do que demolidora: “… escrita em Almada, no auge dos conflitos político-religiosos que constituíram o pano de fundo da famigerada Inquisição e Contrarreforma ibéricas, a Peregrinação é um exemplo prematuro – senão mesmo o primeiro, em toda a literatura europeia – de sátira corrosiva que, denunciando a ideologia da Cruzada, põe em dúvida a moralidade das conquistas ultramarinas portuguesas, que Fernão Mendes Pinto é o primeiro a condenar como atos de bárbara pirataria”.

Chrys Chrystello é natural do Porto (embora se diga sempre australiano de origem........

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