Sobre as lideranças, dos gabinetes às instituições europeias

Ao assumir o poder, nas altas esferas da política, um dos primeiros passos que um dirigente tem pela frente é a nomeação do seu chefe de gabinete. É uma decisão complexa, logo reveladora do estilo de quem acaba de receber um mandato de liderança. A escolha exige uma ponderação por demais cuidadosa. E quando se erra, não pode haver hesitação: demite-se o interessado, com aliás se deve demitir os ministros que se revelem incompetentes, arrogantes, corruptos ou apenas preocupados com a sua agenda pessoal.

Conheci, ao longo de décadas e em várias situações, toda uma gama de chefes de gabinete de presidentes ou primeiros-ministros. Alguns funcionavam como meros guardiões da porta de acesso, outros como uma espécie de primeiros-ministros alternativos, que tudo filtravam e só deixavam subir ao escalão superior aquilo que bem entendiam. Era prudente manter uma relação cautelosa com o titular da função. Muitas das decisões acabariam por ser tomadas a esse nível. Eu mesmo fui pressionado, em dada altura, para que aceitasse um chefe de gabinete cheio de genica, que seria os olhos, os ouvidos e até mesmo a mão de um dos membros permanentes do........

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