Black Friday todo o ano: polícias em saldo e o ridículo das duas tabelas

Apesar do foco ser outro, porque as questões estruturais são determinantes para a nossa ação, não podemos ignorar este assunto, pois é também elucidativo da atualidade.

Chama-se “serviço remunerado”, mas muitas vezes soa a outra coisa: um turno extra imposto, em dia de descanso, para tapar buracos e fazer acontecer eventos – públicos e privados – à custa do tempo, do corpo e da família de quem patrulha a rua. A própria Portaria que regula estes serviços admite o paradoxo: prevê que sejam prestados “fora do horário normal”, mas abre a porta à nomeação “a título excecional” quando não há voluntários e recorda que isto não afasta o “carácter permanente e obrigatório do serviço policial”.

E é aqui que o sistema se torna indecente: quando o “remunerado” deixa de ser escolha e passa a ser dever, o Estado tem a obrigação de pagar de forma simples, transparente e justa. Em vez disso, inventou-se uma anomalia difícil de explicar a qualquer cidadão: duas tabelas para o........

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