Aproveitando Oren Arnold, novelista e jornalista americano (1900-1980) deixo ficar os seus presentes de Natal que desenvolvo de forma breve e, nos quais, me revejo por completo. Já agora, Arnold escreveu para o Houston Chronicle, o El Paso Times e o The Arizona Republic.

"Para o teu inimigo, perdão.
Para o teu oponente, tolerância.
Para um amigo, o teu coração.
Para um cliente, serviço.
Para tudo, caridade.
Para toda a criança, um exemplo bom.
Para ti próprio, respeito."

1 - Para o teu inimigo, perdão. Aliás, antes de tudo e para quem quer que seja, perdão. O meu perdão. O teu perdão. O perdão que oferecemos, sem mais. O perdão pelo que mal julgámos. Pelo que de mal nos fizeram. O perdão libertador. Para nós. Para os outros.

2 - Para o teu oponente, tolerância. Porque as ideias, todas as ideias que sejam ideias, são válidas. Ser oponente não significa pessoalizar. Ser oponente não implica senão ideias e formas diferentes de pensar e fazer as coisas. Possivelmente ambas válidas. Ambas certamente legítimas quando sérias. Ambas aceitáveis quando honestas. Daí a necessidade da tolerância. E da pluralidade.

3 - Para um amigo, o coração. E não é demais, num mundo sempre hostil a desumano, perceber que os teus amigos merecem o teu abraço, que os teus colaboradores precisam do teu coração, que as pessoas que te acompanham, mais ou menos distantes, mas ainda assim amigas, que por alguma razão lutaram ou se preocuparam contigo, precisam do teu coração. Do que te vai dentro. Da tua companhia, presença, abnegação, pergunta interessada, escuta ativa. Precisam de ti. Necessitam do teu interior.

4 - Para um cliente, serviço. E como precisamos de servir os nossos clientes. Por mim falo, procuro servir os meus melhores clientes, os meus alunos. Há quem não concorde com isto ("calma, os alunos não são clientes", dizem-me; mas para mim são) e então quando aplico esta mesma linguagem à saúde, comparando doentes a clientes, sou frequentemente chamado à razão. Porém, a minha liberdade de pensar deve ser aceite e respeitada pelos outros na mesma medida em que aceito e respeito a liberdade de todos.

E sim, para mim um aluno é um cliente. Aliás, o meu melhor cliente. E, quem me dera, quem me dera, poder oferecer-lhe sempre o melhor do meu serviço. Quem me dera pegar na mão, na voz, no computar de muitos e continuar esse serviço. Até me faltar a força. Porque isso me liberta? Também. Mas sobretudo porque, como escrevi recentemente em "O que me mantém Professor", https://www.dn.pt/opiniao/o-que-me-mantem-professor-15357542.html, Diário de Notícias em 16 de Novembro, "Estou pela partilha e enriquecimento que acredito que consigo levar a outros e os meus alunos trazem até mim. Pela riqueza do debate. Pela construção. Para que pelo menos uma pessoa, um ser humano, saia diferente. Para que seja impactado pelo meu trabalho. Basta a diferença numa pessoa e já valeu a pena todo e qualquer esforço."

5 - Para tudo, caridade. E como sei que a caridade é um termo com pouca modernidade e aceitação, com conotação judaico-cristã piegas, passo-o a generosidade. Não é a mesma coisa. Mas se puser generosidade no que faço, e como faço, então certamente terei caridade. Para tudo, para todos.

6 - Para toda a criança, um bom exemplo. Porque todas aprendem e apreendem tudo com os mais velhos. Os mais adultos. Para um filho, exemplo. Para um aluno, exemplo. Para um cliente, exemplo. Para um fornecedor, exemplo. Para um concorrente, exemplo. Porque se os considerar como estando a ser olhado por uma criança certamente farei melhor, farei por fazer melhor. Sempre melhor. Estou absolutamente certo disso mesmo.

7 - Finalmente, para ti próprio, respeito. Respeito, sentimento positivo, deferência, consideração, apreço, valorização do teu eu e da tua dimensão humana. Sempre, todos os dias da tua vida. Sem endeusamento, arrogância ou umbigo. Respeito. Respeito profundo para contigo próprio.

E se tudo isto ofereceres então sim, talvez possas ser um pouco mais feliz. Seja lá isso o que for. E possas oferecer algum presente útil porque só sendo útil conseguirás vencer-te a ti mesmo e ascender a uma categoria de ser humano efetivamente mais humano.

Presidente do Iscte Executive Education

QOSHE - 7 Presentes de Natal para a tua bucketlist - José Crespo De Carvalho
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7 Presentes de Natal para a tua bucketlist

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14.12.2022

Aproveitando Oren Arnold, novelista e jornalista americano (1900-1980) deixo ficar os seus presentes de Natal que desenvolvo de forma breve e, nos quais, me revejo por completo. Já agora, Arnold escreveu para o Houston Chronicle, o El Paso Times e o The Arizona Republic.

"Para o teu inimigo, perdão.
Para o teu oponente, tolerância.
Para um amigo, o teu coração.
Para um cliente, serviço.
Para tudo, caridade.
Para toda a criança, um exemplo bom.
Para ti próprio, respeito."

1 - Para o teu inimigo, perdão. Aliás, antes de tudo e para quem quer que seja, perdão. O meu perdão. O teu perdão. O perdão que oferecemos, sem mais. O perdão pelo que mal julgámos. Pelo que de mal nos fizeram. O perdão libertador. Para nós. Para os outros.

2 - Para o teu oponente, tolerância. Porque as ideias, todas as ideias que sejam ideias, são válidas. Ser oponente não significa pessoalizar. Ser oponente não implica senão ideias e formas diferentes de pensar e fazer as coisas. Possivelmente ambas válidas. Ambas certamente legítimas quando........

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