Portugal vive hoje uma enorme degradação das Instituições e da vida política. Essa degradação resulta, em grande medida, da forma como o Partido Socialista e o Governo têm governado e usado a maioria absoluta. O recente episódio no gabinete do ministro das Infraestruturas e o envolvimento do SIS são um exemplo dessa degradação.

O país está numa rota de empobrecimento, com os portugueses a perderem poder de compra e a ter cada vez mais dificuldades em pagar as contas e os créditos bancários. Há uma degradação profunda dos serviços públicos (saúde, educação, justiça, transportes), apesar da arrecadação record de impostos.

Em cima disto tudo, o governo mostra irresponsabilidade, desorganização, diria mesmo bagunça.

Perante a grave crise institucional e política, o que faz o primeiro-ministro? Esclarece qualquer dúvida que subsiste sobre a atuação do SIS, protegendo o Estado de Direito? Atua como chefe de governo, repondo a sua autoridade, coordenando os ministros? Renova o governo, substituindo ministros politicamente fragilizados, procurando pessoas sérias e competentes?

Não, nada disso.

O primeiro-ministro enreda-se em versões cada vez mais contraditórias e confusas, fingindo que nada de grave se passou. E vem a debate acusando todos de "populismo".

Quando o primeiro-ministro fala demasiado de "populismo", está apenas a esconder-se atrás de um chavão e uma muleta.

Já não há, no governo e no PS, qualquer estratégia política ou governativa. Para o primeiro-ministro e para o PS, todos os que não estão com o governo e o criticam são "populistas".

Basta ver a reação do PS ao discurso do ex-Presidente Cavaco Silva, que fez uma intervenção muito dura, mas completamente longe das expressões antidemocráticas do ex-Presidente Mário Soares. Em 2013 e 2014, Mário Soares dizia que os membros do governo eram "delinquentes" e ameaçava o Presidente Cavaco Silva, referindo que "por muito menos foi morto o Rei D. Carlos".

O verdadeiro populismo é o do primeiro-ministro e do PS: porque não enfrenta a realidade, não assume as suas responsabilidades. Mas também porque tenta degradar o debate político e desqualificar os seus intervenientes. No fundo, tem uma postura e atuação que apenas visa a perpetuação do PS no poder.

É imprescindível que o primeiro-ministro e o Governo esclareçam, de forma inequívoca, o que se passou no gabinete do ministro das Infraestruturas, na noite de 26 para 27 de abril e, sobretudo, a atuação do SIS.

Nesse sentido, perguntei ao primeiro-ministro, no debate do passado dia 24 de maio, se estava disponível para depor, por escrito, na CPI da TAP sobre o SIS. O primeiro-ministro mostrou-se até ofendido e com um ar cândido disse que cumpriria o que o Parlamento determinasse. Tal resposta foi um ato de puro cinismo político, dado que logo a seguir o PS usou a maioria absoluta para chumbar essa audição.

Mas o PSD não abdica do seu papel de maior partido da oposição e de escrutinar a ação do governo e da maioria absoluta. Maioria absoluta não é poder absoluto!

Esta matéria do SIS é de extrema sensibilidade institucional, democrática e de funcionamento do Estado de Direito. Mas não é aceitável, em Democracia, que exista a menor duvida sobre a atuação do SIS. E convém recordar que o primeiro-ministro tem a tutela direta sobre o SIS. Compete ao primeiro-ministro esclarecer tudo de forma cabal. E assumir as responsabilidades políticas, se elas existirem.

Daí que o PSD tenha entregado 15 perguntas ao primeiro-ministro no Parlamento. As respostas do primeiro-ministro voltam a não esclarecer cabalmente o que se passou e lançam novas contradições. O primeiro-ministro desmente o ministro das Infraestruturas e confirma que este faltou à verdade na CPI.

Como disse o primeiro-ministro: "apure-se a verdade, doa a quem doer".

Presidente da bancada parlamentar do PSD

QOSHE - O populismo Socialista e o SIS - Joaquim Miranda Sarmento
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

O populismo Socialista e o SIS

7 0
05.06.2023

Portugal vive hoje uma enorme degradação das Instituições e da vida política. Essa degradação resulta, em grande medida, da forma como o Partido Socialista e o Governo têm governado e usado a maioria absoluta. O recente episódio no gabinete do ministro das Infraestruturas e o envolvimento do SIS são um exemplo dessa degradação.

O país está numa rota de empobrecimento, com os portugueses a perderem poder de compra e a ter cada vez mais dificuldades em pagar as contas e os créditos bancários. Há uma degradação profunda dos serviços públicos (saúde, educação, justiça, transportes), apesar da arrecadação record de impostos.

Em cima disto tudo, o governo mostra irresponsabilidade, desorganização, diria mesmo bagunça.

Perante a grave crise institucional e política, o que faz o primeiro-ministro? Esclarece qualquer dúvida que subsiste sobre a atuação do SIS, protegendo o Estado de Direito? Atua como chefe de governo, repondo a sua autoridade,........

© Diário de Notícias


Get it on Google Play