Para acabar com o cinema português
Até agora, não se ouviu um qualquer membro da classe política a pronunciar a palavra “cultura” nas discussões sobre o Orçamento do Estado. Não admira que, por estes dias, também não se tenha ouvido a palavra “cinema”. Pensar a existência do cinema em Portugal - ou de qualquer outro domínio artístico - dá muito trabalho.
A maioria da classe política consola-se com os gestos rápidos com que alguns dos seus membros emitem comunicados, e sorriem para as câmaras, celebrando o mais recente prémio ganho por um filme português algures no estrangeiro. Há também retóricas jornalísticas cúmplices deste vazio de ideias, sempre disponíveis para relançar o drama que, dizem eles, divide os “filmes intelectuais” dos “filmes comerciais” - com a mesma leviandade com que as mesmas questões eram enunciadas há 50 anos.
Em boa verdade, se a produção portuguesa conseguiu algum genuíno sucesso comercial em 2024 foi graças a Grand Tour: o filme........
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