A discussão literalmente rasteira

Suponha o leitor que é um bolsonarista adepto de golpes de estado e fã de ditaduras militares. A dada altura, descobre que o país onde vive anda a proibir os primeiros e, por consequência, as segundas. Naturalmente, a sua vida torna-se um longo tédio democrático e constitucional. 

Há, entretanto, alguma solução, dentro dos limites democráticos e constitucionais, para se distrair? Sim, e até foi muito usada e abusada pela esquerda nos últimos tempos: chama-se boicote. Há que boicotar, boicotar muito, boicotar sempre, boicotar a torto e a direito, boicotar “adoidado”, para usar um adjetivo muito local. 

O boicote não mata, como num golpe, nem tortura, como numa ditadura, mas, pelo menos, prejudica, incomoda, chateia. E alivia a raiva........

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