Kamala Harris escolheu o lado afetivo e optou por um ticket “boa onda”. Seria mais previsível optar pela competência sóbria e efetiva de Josh Shapiro, o governador do mais relevante Estado indeciso do Midwest, a Pensilvânia: dava-lhe mais tração ao centro, aumentava probabilidades de vencer num must win state para as contas democratas e reforçava o peso político do dueto democrata.
Mas não: a candidata presidencial democrata preferiu a surpresa e escolheu Tim Walz. Menos político, sem pretensões reais de ser, ele próprio, candidato a presidente (ao contrário do que aconteceria se a escolha tivesse recaído em Shapiro, Buttigieg ou mesmo Kelly), Tim oferece a Kamala o caso de uma campanha solar, em contraste com a perspetiva sombria de voltar a estar Trump na Casa Branca - desta vez com J. D. Vance como número dois e um profundo desejo de vingança depois da derrota nunca assumida de 2020.
Com esta jogada inesperada Harris prolongou o momento positivo que tem dominado a sua campanha-relâmpago no pós-desistência de Joe Biden. A energia, a mobilização, a alegria: três noções-chave para percebermos o que terá levado Kamala a enveredar por este caminho nada evidente - pelo menos até ao momento em que aconteceu. Entusiasma a esquerda e não assusta o centro.
Walz é governador de um Estado fortemente democrata, enquanto Josh lidera a Pensilvânia, talvez o mais relevante de todos os swing states. Tim terá sido escolhido por uma história de vida muito singular e diversificada. Foi professor, treinador (Kamala até o trata por “Coach”), membro da Guarda Nacional do Exército durante um quarto de século. Foi eleito para o Congresso estadual do Minnesota num distrito congressional profundamente rural e republicano. E foi, claro, o autor da frase que até........