A proximidade ao dia 25 de Abril faz-me reviver lembranças com emoção. Essas memórias interpretam eventos passados que agora originam sentimentos mistos de alegria e amargura.
Então, aconteceram muitos triunfos, mas, também, alguns fracassos. Mas, no conjunto, foi excelente.
A verdade inquestionável traduz-se no imenso júbilo que a Liberdade espontaneamente despertou.
Uma enorme explosão nacional de contentamento a refletir a esperança de uma vida melhor. Mais prosperidade coletiva.
Por outro lado, passado tanto tempo, olhar para trás para recordar os últimos 50 anos, produz a ideia de que o resultado final podia ter sido mais perfeito, uma vez que a esperança erguida em 1974 não foi inteiramente concretizada.
Na minha visão pessoal, tentarei explicitar algumas reflexões a esse propósito.
Em primeiro lugar, reconheço como positiva a forma como foram alcançadas tantas metas pelos sucessivos Governos Provisórios que, afinal, cumpriram o Programa do MFA. Apesar da instabilidade política vivida nos dois primeiros anos, espelhada pela nomeação de dois Presidentes, três primeiros-ministros e seis Governos Provisórios, foi possível construir o regime democrático, promover a Independência das Colónias Africanas, eleger livremente deputados à Assembleia Constituinte e assegurar a entrada em vigor de nova Constituição de 1976, logo seguida pela eleição de novo Presidente da República por sufrágio direto e universal.
Foram apenas dois anos. Um período curto, mas simultaneamente fascinante que exigia estar sempre a ouvir os noticiários pelos transístores portáteis. Os acontecimentos que se sucediam de hora a hora eram, muitas vezes, quase tão quentes como brasas (11 de Março e Verão de 1975), mas a entrada no regime constitucional foi pacífica.
Desde a aprovação da Constituição e até hoje, multiplicaram-se 24 Governos Constitucionais, quase sempre formados ou pelo Partido Socialista ou pelo Partido Social Democrata. É certo que o país mudou. Portugal é outro. Mais moderno. Mais europeu.
Mas, apesar dos avanços económicos e políticos indiscutíveis, persistem problemas por resolver na dimensão social. O mais importante e, ao mesmo tempo, o mais intolerável é a pobreza. Porém, há outros setores que, em 2024, continuam a apresentar circunstâncias preocupantes.
Refiro-me à Saúde, à escola pública, à habitação e à Justiça.
Preciso.
A agudização da crise do Serviço Nacional de Saúde no período pós-pandemia.
A Educação a viver tempos difíceis, incluindo a falta de professores e a interrogação sobre a qualidade do ensino.
A reconhecida dificuldade que grande parte da população tem em pagar rendas de casa ou as prestações referentes a empréstimos bancários, sem esquecer a situação das famílias mais pobres retratada pela impossibilidade de consumirem a energia necessária.
As demoras inexplicáveis da Justiça, que parece estar concebida em dois sistemas: um para ricos e outro para pobres.
Como é possível explicar tantas falhas?
A reflexão séria sobre estas questões e a assunção de erros cometidos por determinados governantes seria um exercício de indiscutível oportunidade. Só assim será possível voltar a acreditar. Regressar à época da esperança e da confiança no nosso modelo político democrático.
franciscogeorge@icloud.com
A proximidade ao dia 25 de Abril faz-me reviver lembranças com emoção. Essas memórias interpretam eventos passados que agora originam sentimentos mistos de alegria e amargura.
Então, aconteceram muitos triunfos, mas, também, alguns fracassos. Mas, no conjunto, foi excelente.
A verdade inquestionável traduz-se no imenso júbilo que a Liberdade espontaneamente despertou.
Uma enorme explosão nacional de contentamento a refletir a esperança de uma vida melhor. Mais prosperidade coletiva.
Por outro lado, passado tanto tempo, olhar para trás para recordar os últimos 50 anos, produz a ideia de que o resultado final podia ter sido mais perfeito, uma vez que a esperança erguida em 1974 não foi inteiramente concretizada.
Na minha visão pessoal, tentarei explicitar algumas reflexões a esse propósito.
Em primeiro lugar,........