No inverno de 2006 vivi uma experiência de que me recordo sempre que entramos em períodos de campanha eleitoral. Foi o culminar de semanas de observação, ponderação e muita curiosidade pelo que se passou ao meu redor.
Na altura estava a viver nos Países Baixos, na capital, Amesterdão. E numa segunda-feira de início de março saí mais cedo do emprego com a conivência do meu diretor, um norte-americano. Quando lhe disse que ia sair para ir votar, anuiu com a cabeça e olhou-me com aquele ar de: “Já não vais ser o empregado do mês!”. Lembro-me que também respondi de forma não-verbal com um sorriso cínico de: “aguenta-te, estás na Europa!” - as coisas que a nossa mente grava...
Na altura trabalhava numa torre envidraçada nos arredores da cidade - e cujas janelas dos seus 28 andares eram limpas com frequência por uma equipa de portugueses. Peguei na minha bicicleta e pedalei entusiasmado até ao local de voto, num edifício da Câmara Municipal onde algumas pessoas ordenadamente exerciam o seu direto.
E lá, pela primeira vez na vida, votei num país estrangeiro e por voto eletrónico. A tal experiência que mencionei. Creio não existirem muitos portugueses que tenham feito o mesmo, apesar da diáspora moderna. E numa pequena cabina pressionei com o dedo, numa altura em que os iPhones não existiam, e votei na minha escolha para as eleições autárquicas locais. Foi um ato que culminou um processo, de uma série de........