Em 1543, três navegadores portugueses deram à costa da ilha japonesa de Tanegashima, na ponta sul do arquipélago nipónico. Desviados da sua rota original, tornaram-se nos primeiros europeus a visitar o Japão e deram início a um relacionamento talvez sem paralelo entre dois países tão distantes.
Assinalamos, por isso, em 2023 os 480 anos desse momento histórico. Em Tóquio como em Lisboa, e por toda a costa e extensão destes nossos dois países marítimos, teremos um calendário preenchido, com iniciativas que demonstrarão a união de valores e de princípios que partilhamos, marcarão a história das nossas relações bilaterais, promoverão a cultura dos dois países e, naturalmente, potenciarão as trocas comerciais que Portugal iniciou no século XVI e de que hoje tanto pode beneficiar.
Numa iniciativa conjunta das Embaixadas de Portugal em Tóquio e do Japão em Lisboa, revelámos na passada semana um logótipo das comemorações, assente em dois elementos centrais do imaginário popular luso-nipónico. O azulejo, da nossa parte, e a flor de cerejeira, ícone intemporal do Japão, unidos ao centro do número 480.
Pensa-se, por vezes, que este tipo de comemorações é apenas um exercício simbólico, bonito, mas inconsequente. A experiência diz-me o contrário. Se o assinalar de uma data tão importante para a História – não só portuguesa, mas mundial – mereceria por si só um tratamento distinto e ímpar, o potencial que traz para o reforço das relações económicas e políticas entre os nossos países é um retorno não só desejável como invejável. São poucas as nações com tantos laços e história pelo mundo como a nossa. Para um país com a nossa dimensão, é um ativo valioso e singular, que nos distingue no estrangeiro e possibilita relações privilegiadas com interlocutores a todos os níveis e em todas as geografias – abre-nos portas que de outra forma dificilmente poderíamos franquear.
A projeção de Portugal no mundo depende, assim, de uma salutar renovação de relações, marcando-se datas históricas, estreitando a cooperação e promovendo a nossa marca. O “made in Portugal” atinge assim novos horizontes e visibilidade, como o saberão demonstrar as empresas portuguesas com presença neste país, e as outras que se perfilam para aqui se estabelecer.
Como tantas vezes sucede na História, o desvio de uma rota foi o desbravar de outra, de novas ilhas e novos mundos. Volvidos quatrocentos e oitenta anos, e orgulhosos da história conjunta que partilhamos, queremos, mais que tudo, que estas comemorações sejam um olhar posto no futuro. Para isso trabalhamos.

QOSHE - Quatrocentos e oitenta anos - Tóquio
menu_open
Columnists . News Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Quatrocentos e oitenta anos

2 1 0
03.02.2023

Em 1543, três navegadores portugueses deram à costa da ilha japonesa de Tanegashima, na ponta sul do arquipélago nipónico. Desviados da sua rota original, tornaram-se nos primeiros europeus a visitar o Japão e deram início a um relacionamento talvez sem paralelo entre dois países tão distantes.
Assinalamos, por isso, em 2023 os 480 anos desse momento histórico. Em Tóquio como em Lisboa, e por toda a costa e extensão destes nossos dois países marítimos, teremos um calendário preenchido, com iniciativas que demonstrarão a união de valores e de princípios que partilhamos, marcarão a história das nossas relações........

© Diário As Beiras


Get it on Google Play