A Cimeira do Clima das Nações Unidas, realizada no Egipto de 6 a 20 de novembro, é o ponto mais alto da diplomacia em torno das alterações climáticas, onde os países discutem e decidem como travar as emissões de gases com efeito de estufa que causam o aquecimento global. As alterações climáticas são hoje uma realidade incontornável, o degelo, a desflorestação e a poluição ambiental já não deixam ninguém indiferente.
Contudo, mesmo perante os dados científicos, a dimensão dos números e o gritante impacto das alterações climáticas verificadas em todo o globo, os resultados alcançados na COP27 são uma mistura de esperança e frustração.
Na declaração final ressalta a necessidade urgente de reduções imediatas, profundas e sustentadas das emissões globais de gases que causam efeito de estufa e reafirma o objetivo do Acordo de Paris de conter o aumento da temperatura média abaixo de 2°C relativamente aos níveis pré-industriais. O outro acordo importante desta COP foi a resolução sobre compensações de perdas e danos provocados pelas alterações climáticas através da criação de um fundo de intervenção e apoio aos países em desenvolvimento.
Mas os ambientalistas e ativistas queriam mais! Nenhuma referência é feita aos migrantes climáticos no âmbito de compensação por perdas e danos. A declaração final não reflete a necessidade de eliminar gradualmente todos os combustíveis fósseis, o plano reconhece o papel relevante de proteger, conservar e restaurar a natureza e os ecossistemas mas consideram que a referência às energias renováveis fica aquém do desejável, abrindo caminho a modos de produção insustentáveis.
António Guterres inclusive afirmou que o acordo histórico na COP27 não chega para tirar o planeta da emergência climática e lamentou a falta de ambição para reduzir drasticamente as emissões.
É de realçar que durante esta COP, Portugal tornou-se membro do “grupo do fim ao fóssil” e que a eleição do presidente Lula simbolizou um regresso do Brasil à cooperação internacional e o renovar do compromisso com a desflorestação zero da floresta amazónica.
Por cá, mesmo no atual contexto de guerra e crise energética o nosso Governo assumiu o compromisso de luta contra o aquecimento global e mantem intacta a ambição de atingir a neutralidade carbónica de Portugal. Neste enquadramento, o Orçamento do Estado 2023 prosseguirá um conjunto de iniciativas que terão como principal foco mitigar os impactos decorrentes da crise energética, reforçando a aposta na aceleração da transição energética.
A abordagem governativa será efetuada de forma integrada por forma a continuar a reforma da floresta, reforçar a aposta na biodiversidade e garantir a construção de um território mais coeso e resiliente aos efeitos das alterações climáticas. Serão ainda prioridades a descarbonização das cidades e da indústria, os projetos de promoção da mobilidade sustentável e a promoção da economia circular como vetor fundamental para a descarbonização da economia e da sociedade. Apresento apenas 2 ações concretas deste Governo: o encerramento da centrais a carvão e a inovadora política energética através da produção de hidrogénio verde como gás renovável.
É esta opção estratégica que importa prosseguir, reforçar e executar nesta legislatura, com a inclusão de medidas centradas na ação climática e numa nova visão sobre a criação de riqueza e a sustentabilidade.
As recentes ações mediáticas de agressão de obras de arte em museus ou ocupação de escolas, são exemplos de ativismo, disrupção e luta dos jovens, são verdadeiramente alertas para o desastre ambiental que já vivemos e a catástrofe ambiental que se aproxima a passos galopantes.
Esta é uma década decisiva, não existe Planeta B e o relógio não pára. Quando se multiplicam catástrofes naturais decorrentes do aquecimento global, temos de perceber que não fazer nada é caminhar para a catástrofe ambiental e que o preço de não agir agora será muito elevado, em especial para as futuras gerações!

QOSHE - COP 27 - Ricardo Lino
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COP 27

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22.11.2022

A Cimeira do Clima das Nações Unidas, realizada no Egipto de 6 a 20 de novembro, é o ponto mais alto da diplomacia em torno das alterações climáticas, onde os países discutem e decidem como travar as emissões de gases com efeito de estufa que causam o aquecimento global. As alterações climáticas são hoje uma realidade incontornável, o degelo, a desflorestação e a poluição ambiental já não deixam ninguém indiferente.
Contudo, mesmo perante os dados científicos, a dimensão dos números e o gritante impacto das alterações climáticas verificadas em todo o globo, os resultados alcançados na COP27 são uma mistura de esperança e frustração.
Na declaração final ressalta a necessidade urgente de reduções imediatas, profundas e sustentadas das emissões globais de gases que causam efeito de estufa e reafirma o objetivo do Acordo de Paris de conter o aumento da temperatura média abaixo de 2°C relativamente aos níveis pré-industriais. O outro acordo importante desta COP foi a........

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